Com objetos de quase um século, a coleção de têxteis de Heloisa Annes se revela...


Conheci Heloisa Annes na reta final do  doutorado, em 2018. Tão logo ela soube que eu pesquisava coleções têxteis, fez questão de me mostrar alguns itens da sua coleção.  Porém, só consegui  dar a devida atenção para Heloisa em outubro de 2019.
 A partir de então decidimos dar atenção para seus objetos têxteis, mergulhando em suas caixas...
Com objetividade e foco traçamos uma linha de trabalho com encontros semanais para organizar, iniciar a catalogação e fazer os primeiros registros fotográficos dos objetos. Na fase atual (janeiro/2020), não consegui "ver" nem a metade das peças para fazer os registros iniciais, mas já posso afirmar que estou diante de uma coleção incrível...


Heloisa e Vera: encontro de trabalho em 27/01/20

Mas quem é Heloisa Annes? 
Adianto que se trata de uma artista têxtil gaúcha com uma longa trajetória, que mora em Porto Alegre e que no auge de seus 92 anos esbanja carisma, simpatia, empolgação, muito apreço pelos têxteis, gosta de uma boa conversa e tem muitas histórias incríveis para contar! 
Vou aprofundar a descrição da trajetória de Heloisa e também de sua coleção –  de maneira mais formal -  em um artigo científico que vou escrever muito em breve.
No artigo vou falar também de uma pessoa muito especial, sua mãe Lucila Chagas (1896-1994). Lucila Chagas foi responsável pela confecção de inúmeras peças da coleção como estas luvas da imagem abaixo, que foram crochetadas no final da década de 1930.

Luvas, feita em crochê por Lucila Chagas, final da década de 1930.

Outros integrantes da família são sempre mencionados em nossos encontros, como sua irmã Helena - que domina a técnica de frivolité - e que na foto abaixo está à direita, juntamente com sua mãe na Rua dos Andradas, centro de Porto Alegre.   

Helena, à direita, e sua mãe Lucila Chagas na Rua dos Andradas, centro de Porto Alegre.

Voltando para a coleção... 
Mas o que esta coleção tem de tão interessante e relevante?

Trata-se de uma coleção ampla, com rendas (renascença, bilros, frivolité, filé, nhanduti, renda de agulha); amostras de diferentes técnicas e processos, como por exemplo, tricô redondo (tricotado com 5 agulhas);  bordados (inclusive com fios de cabelos);  demonstração de técnicas de renda de agulha (onde ainda estão reservados os desenhos em bases de papel);  pares de luvas em crochê feitas entre 1930 e 1940; lenços; toalhas, toalhinhas e guardanapos; livros de técnicas têxteis; caderno de pontos de tricô, fotos e objetos como agulhas, botões e muitos outros que ainda estou descobrindo (sim, em cada encontro surgem surpresas e descobertas).  




Fazer os devidos registros e as atividades de conservação vai levar um tempo indeterminado,  pois acredito que esta coleção tenha uns 300 itens.  Ainda estamos numa fase inicial de trabalho, mas tenho como objetivo fazer um esforço para tentar tirar da invisibilidade esta coleção e trazer à tona a discussão do que pode ser feito por coleções com potencial educativo e cultural que encontram-se longe dos olhos do público.

Além da continuidade no levantamento e registro da coleção, meu próximo passo será escrever um artigo visando a publicação em revistas científicas da área têxteis ou de preservação de memória.  Quando o objetivo se cumprir, certamente postarei aqui.

Para finalizar, um agradecimento especial para minha amiga Carolina Grippa que incentivou minha aproximação com Heloisa! 



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